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quarta-feira, 13 de março de 2013

Casos seguidos de atos violentos alarmam escolas e educadores


Espaço dedicado à aprendizagem, às descobertas e à interação social, a escola está se transformando em um campo hostil e, muitas vezes, extremamente agressivo a alunos e professores. Neste início de ano, Bauru vem assistindo a uma onda de violência dentro das unidades de ensino, que teve como mais recente capítulo a invasão de um grupo de cerca de oito estudantes que tentou entrar, nesta terça-feira (12), em uma sala de aula de uma das escolas mais tradicionais da cidade para agredir um aluno de 14 anos.Por sorte, e por muito pouco, não conseguiram chegar até o estudante, matriculado no oitavo ano da Escola Estadual Ernesto Monte (leia mais abaixo). Mas a invasão, por si só, já é um dado preocupante, assim como os demais nove casos registrados no Plantão Policial – e outros tantos não notificados – envolvendo escolas de Bauru apenas neste ano (leia mais abaixo).

A falta de segurança nas escolas e os problemas alarmantes de indisciplina já haviam sido debatidos em edição recente do JC, pouco depois da volta às aulas. Na época, a Diretoria Regional de Ensino (DRE) chegou a informar que as rondas escolares seriam intensificadas para coibir novos casos. Mas, desde então, eles não pararam de se repetir.

Para a diretora estadual do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp), Suzi da Silva, o ambiente escolar vive seus dias mais críticos e os fatores para explicar este momento são múltiplos. Entre eles, especialistas apontam o insucesso da implantação da progressão continuada, o fácil acesso a entorpecentes, a diminuição das relações interpessoais proporcionada pelas novas tecnologias, a falta de envolvimento dos pais com a escola e a dificuldade que eles sentem em impor limites aos filhos.

Autora do livro “Limites Sem Trauma”, a mestre em educação Tania Zagury descreve que a nova geração de pais transformou seus filhos em tiranos porque também foi criada em um ambiente de total liberdade. E, sem referência de autoridade, acabaram se anulando diante das crianças, que se transformam em jovens intransigentes.

Participação dos pais

Somado a isso, está a diminuição do tamanho das famílias e o grande espaço que os pequenos conquistaram no mercado consumidor. “Muitas vezes, o pai e a mãe trabalham fora o dia todo e acabam compensando esta ausência com bens materiais ou fazendo a vontade dos filhos todo o tempo”, comenta a psicóloga clínica e psicoterapeuta Gretta Rodrigues de Souza.

Por este motivo, ela acredita que os casos de indisciplina sejam elevados também nas escolas particulares, embora quase nunca venham ao conhecimento público. “Grande parte dos pais acredita que esta onda de violência é responsabilidade só da escola, mas não é. O filho é o espelho do que ocorre dentro da família. E os pais precisam participar ativamente do que ele faz e aprende dentro de sala de aula”, frisa.

A progressão continuada - que, na prática, não surtiu o efeito esperado pela teoria – também é apontada pela especialista como um dos motivos da perda de autoridade dos professores diante dos alunos. Suzi, diretora estadual da Apeoesp, compartilha da mesma opinião.

Para ela, sem haver exigência de notas, os alunos sabem que não precisam prestar atenção nas aulas para serem aprovados em sua série. “Com esta defasagem que vai se acumulando de um ano para outro, chega um ponto em que o aluno já não tem mais subsídios para acompanhar a linguagem utilizada pelo professor. E esta frustração, em muitos casos, é externada em forma de violência”, considera


Drogas, sapos e excesso de alunos

Para a diretora estadual do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp), Suzi da Silva, o excesso de alunos dentro de uma mesma sala também impede o docente de exercer sua autoridade. “Muitos professores são agredidos pelos alunos, que também usam o tempo de aula para combinar ações alheias ao ensino. Nesta semana, por exemplo, levaram sapos para dentro dos banheiros de uma escola”, lamenta.

De acordo com ela, uma sala do ensino médio em Bauru chega a comportar até 50 alunos, em alguns casos. E, se dentro da escola o ambiente não é propício, fora dela os riscos também são iminentes.

Não são raros os casos em que praças e outras localidades nas imediações das unidades são utilizadas como ponto de consumo de drogas. Para a presidente do Conselho Tutelar 1, Adriana Providello, a falta de apoio, incentivo e até de limites impostos pelos pais é que leva os adolescentes a  comportamentos destrutivos. “Muitas vezes, é a forma que encontram para extravasar situações mal resolvidas dentro de casa e com a própria vida. E isso é algo que, sozinha, a escola não terá capacidade para resolver”, pondera.


Invasão e susto

A Escola Estadual Ernesto Monte foi invadida na manhã de ontem por um grupo de cerca de oito estudantes que seriam de outra escola estadual tradicional, a Christino Cabral. Segundo o JC apurou, eles entraram na unidade depois de pular um portão de cerca de três metros de altura, que conta com uma coluna de grades horizontais que serviram como degraus. Os invasores teriam conseguido chegar até a porta da sala do aluno, matriculado no oitavo ano do ensino fundamental, onde houve discussão. Depois, teriam fugido. O estudante não chegou a ser agredido, mas o susto foi grande. O aluno de 14 anos informou não conhecer nenhum dos invasores ou o motivo que os teriam levado a tentar agredi-lo.

A Diretoria Regional de Ensino informou que os autores não foram identificados mas, se forem estudantes de outra escola da rede estadual, serão tomadas as providências previstas no regimento escolar. Esclareceu ainda que a direção do Ernesto Monte prestou assistência à vítima e acionou a Ronda Escolar, que registrou a ocorrência. Além disso, a equipe gestora solicitou o reforço do policiamento na região.

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