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sábado, 12 de janeiro de 2013

Mau hábito e entupimento de esgoto

Despejo de peças íntimas lidera causa de problemas na rede de esgoto do DAE, que chega a atender 50 queixas diárias


Em 12 anos de atuação na diretoria da divisão técnica do Departamento de Água e Esgoto (DAE), Manuelino Câmara Filho demonstra não se surpreender mais com a variedade e quantidade de artigos e objetos que são retirados em meio aos reparos da rede de esgoto em Bauru.

Um ranking realizado pelo JC junto ao DAE aponta que roupas íntimas, como calcinhas e cuecas, acompanhadas de panos de prato, toalhas de banho e produtos íntimos lideram a lista de artigos que mais causam entupimento na rede de esgoto da cidade (veja mais no quadro).

Preservativos, pedaços de móveis e entulhos, animais mortos e até mesmo um vestido de noiva usado. As tubulações que cercam a cidade abaixo do solo urbano parecem esconder muito mais do que o simples despejo do esgoto da população.

Em períodos chuvosos como o de verão, o problema do DAE aumenta. A presença do lixo acrescida ao lançamento irregular de água pluvial das casas na rede de esgoto faz a demanda pelos serviços de reparo aumentar em até 40%, superando até mesmo as reclamações por falta de água na cidade.

“Além de jogar peças íntimas e várias outras coisas em vasos sanitários, pias e ralos, as pessoas abrem aquela tampa do poço de visita, ao centro da rua e, como se fosse um lixão, descartam de tudo por lá”, ressalta o diretor da divisão técnica do DAE.

Crônico, o problema do despejo de lixo e água pluvial das casas na rede de esgoto mostra se tornar maior à medida em que a cidade cresce e se desenvolve.

Por dia, a autarquia chega a receber cerca de 50 reclamações envolvendo somente a obstrução e vazamentos de esgoto nos bairros. Já as reclamações envolvendo falta de água entre outros não superaria 20 chamados.

Do total registrado, uma média de 70% a 90% dos serviços para reparo de esgoto são executados, segundo Manuelino. Os outros seriam agendados conforme as prioridades e níveis de complexidade.


Centro

Entre as regiões que mais concentram problemas de esgoto no município está o Centro. Segundo Manuelino, a área chega a registrar 40% dos casos, devido à alta quantidade de gordura despejada por restaurantes diretamente no esgoto.

“É absurda a quantidade de gordura despejada. Ela forma uma crosta e entope o esgoto. Se usamos o Hidrojat (máquina adquirida para desobstruir as redes com jatos de água) resolvemos em minutos. Contudo, se a causa do entupimento for um objeto ou peça presa na rede, pode haver necessidade do serviço manual e de horas de trabalho”, explica o diretor da divisão técnica do DAE, comentando que, em alguns casos, os reparos podem demorar até três dias.


Defasagem

Na cidade, o reparo nas redes de esgoto é realizado por cinco equipes, formadas por dois técnicos, que utilizam três caminhões e 12 viaturas utilitárias.

No entanto, o próprio diretor Manuelino Câmara Filho não esconde que, para suprir a demanda, haveria necessidade de contratação de pelos menos mais 20 trabalhadores e outras 10 viaturas.

“Falta gente, equipamento e recurso. Bauru cresceu muito, vivemos uma defasagem em função do aumento dos problemas pela cidade”, afirma Manuelino.

Por outro lado, ele aponta que a falta de respeito da população acaba prejudicando ainda mais o andamento das desobstruções, que com o acúmulo de lixo nas redes acabam se tornando mais demoradas. “As pessoas precisam entender que resíduo é pra ser coletado e tratado, não jogado no esgoto”, destaca.

Em 2010, por exemplo, um pequeno banco de bicicleta despejado em meio às tubulações de esgoto acabou tomando quase um dia de trabalho dos agentes do DAE. “Deu um trabalho danado. Tivemos que abrir a rede toda. O banco ficou travado e a manilha precisou ser trocada. Um serviço que era para durar normalmente de 15 a 20 minutos, acabou tomando quase o dia todo”, lembra o diretor da autarquia.


Chuva no esgoto

Ainda segundo o DAE, além do lixo despejado de modo irregular, um dos maiores problemas seria o lançamento de água pluvial das residências diretamente no esgoto. “De ponta a ponta, na avenida Nações Unidas temos problemas com isso. A rede não suporta e acaba transbordando quando chove”, enfatiza Manuelino.

Conforme ele, a água pluvial das casas deve escoar pelas galerias, ou seja, ser deslocada até a guia e levada até a boca de lobo mais próxima, ao invés de ser lançada diretamente para o esgoto. “Muitas pessoas fazem isso porque o nível do esgoto é mais baixo que o da via e facilita o escoamento. O problema é que não temos o como fiscalizar essa irregularidade”, revela Manuelino informando que, nesses casos, a autarquia costuma agir apenas diante da constatação de problemas.

A multa pode chegar a R$ 65,00, caso o morador seja notificado e não tome providências no prazo de 30 dias.


Números

Atualmente, estão enterrados no chão de Bauru quase 3 mil quilômetros de dutos, sendo 1.574 quilômetros que servem a rede de água e 1.362 quilômetros utilizados para a rede de esgoto. Na cidade, cerca de 98% das residências contam com fornecimento de água encanada e 95% com coleta de esgoto.

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